cidade industrial e portuária no norte do Peru, abriga uma das mais longas ondas do mundo, que começa em frente ao farol e s estende por toda a baía, chegando até o píer em frente á cidade.

El Faro, Pacasmayo – Norte do Peru

Em agosto de 2001, com três pranchas e minha Canon AE1, combinei de encontrar amigos do Ceará em Punta Hermosa, balneário ao sul de Lima, para conseguir um carro e subir o litoral peruano pela Carretera Panamericana Norte.
O objetivo seria chegar em Pacasmayo, em busca das longas e não tão famosas esquerdas de El Faro, um pointbreak com fundo de pedras e correnteza impiedosa. Nos dias certos, é uma das ondas mais longas do mundo, mas ofuscada pela fama de sua vizinha Chicama.
Minha única referência era um número de telefone anotado de um peruano que teria um 4x4 e longa experiência como guia de surfe no norte do Peru. Mal sabia que iríamos encontrar uma grande figura, que foi fundamental na nossa aventura pela estrada.

La Isla, Punta Hermosa


PUNTA HERMOSA

Pico Alto International Surf Camp é a famosa (no mundo do surfe) "Pousada do Oscar", que abrigou centenas de brasileiros a procura das ondas geladas peruanas. Me hospedei no Oscar e pude conhecer melhor Punta Hermosa, que eu havia visitado rapidamente em 1998.
Enquanto organizávamos a viagem para o norte, coordenada com a previsão de nova ondulação boa que chegava à costa, exploramos alguns locais ao sul de Punta Hermosa, como San Sebastian, Peñascal e Cerro Azul, onde pegamos ótimas ondas.
Punta Rocas também proporcionou boas ondas nesses primeiros dias, durante os quais era fundamental se acostumar com o frio intenso e o peso extra da roupa de neoprene. Para não congelar os pés, usava botas de borracha, que dificultam o controle da prancha.
Surfar no frio não é fácil, mas a extrema qualidade das ondas peruanas fez até os cearenses esquecerem a água gelada e o vento incessante.

Oscar Morante (RiP), que recebeu muitos brasileiros no histórico Pico Alto International Surf Camp, em Punta Hermosa. Ele faleceu poucos anos depois, em 2006.

Oscar Morante Jr, que administra a pousada hoje em dia, com Oscar e integrante da equipe, guia de surfe.

Muro grafitado em Punta Rocas, em protesto contra a construção de uma marina em Punta Hermosa.

Famoso muro com a onda pintada na pousada do LuisFer, de onde se avista Punta Rocas, Contiki e La Isla, três das principais ondas de Punta Hermosa. Foi onde meus amigos se hospedaram antes de subirmos para o norte.

La Isla vista da Pousada do LuisFer.


PANAMERICANA NORTE

Após alguns dias nos ambientando e surfando em Punta Hermosa, contratamos como nosso guia para o norte Manuel Urquiaga e sua van Toyota 4x4. Além dos três cearenses, entraram na barca outros dois novos amigos cariocas, que também se hospedavam na pousada do Oscar. 
Com quase vinte pranchas amarradas no teto, essa van conseguiu acomodar (com o conforto possível de um carro de expedições) seis surfistas com bagagem e comida durante dias, guiada com calma, bom humor e tranquilidade pelo Manuel...
Passamos por diversos lugares, como Bermejo, Centinela, Chicama, Pacasmayo, Lobitos, Cabo Blanco, Los Organos e Máncora. Fomos até Piña Redonda, quase na fronteira com o Equador.


CHICAMA

Depois de muitos quilômetros rodados, chegamos no final de tarde a Puerto Malabrigo, cidadezinha portuária onde fica Chicama, "LA OLA MÁS LARGA DEL MUNDO" como avisa um outdoor na estrada que leva ao porto. 
Nos hospedamos no Hotel Delfines de Chicama, de frente para El Point, a principal seção da lendária onda. Não havia nada além de um terreno murado em 1998, quando visitei o local pela primeira vez. 
Em 2001, alguns hotéis já aumentavam a concorrência com El Hombre, a única hospedagem para surfistas até então. Chicama é mais um lugar descoberto pelos surfistas que foi transformado pelo turismo.
Hoje em dia, pelos relatos que escuto, já existem resorts com enorme estrutura que oferecem barcos e jetskis para ajudar a voltar para o início da onda. Este trajeto sempre foi percorrido a pé, com paciência e atenção pelas pedras, assistindo aos amigos correrem as centenas de metros de cada incrível onda. Depois, mais uma vez saltava-se da ponta para voltar remando para o pico. Assim, eram poucas ondas por dia, mas a qualidade compensava a quantidade.

Como a costa é voltada para o oeste, no Peru o por do sol é no oceano. Nos finais de tarde o frio aumenta, a parede da onda fica na sombra e a Natureza se mostra de forma espetacular, até anoitecer em Chicama.

Fotografia noturna com longa exposição, enquanto a ondulação chegava a Chicama. A névoa branca é o rastro deixado pelas ondas durante a captura da imagem.


LOBITOS
Punta Lobitos, mais ao norte na direção da cidade de Talara e Tumbes, abriga perfeitos picos de surfe como Huecos, Lobitos e Piscinas. Máquinas para a extração de petróleo funcionam sem parar na praia e o barulho é constante mesmo dentro da água. Um condomínio abandonado pelos americanos que outrora trabalhavam no Peru insinua a decadência do local.
O movimento dos surfistas a procura das ondas de Lobitos fez aumentar ofertas de hospedagem e alimentação, desenvolvendo a área.

Casa abandonada dos engenheiros americanos, que trabalhavam na região na extração de petróleo.


CABO BLANCO

Ao sair da estrada e enfrentar uma sinuosa descida de terra no meio de um penhasco, se chega a Cabo Blanco, um povoado de pescadores em uma baía com um píer e algumas construções.
No meio da praia, uma formação de pedras faz quebrar um esquerda longa e perfeita na direção do píer. Esta onda atrai surfistas de todos os mares quando as previsões mostram ondulação certa para o local. A onda de Cabo Blanco é uma das melhores do mundo.
No canto esquerdo da praia, na ponta da baía, fica Panic Point (ou Punta Panico), onda que quebra em frente a uma caverna muito procurada pelos lobos marinhos, que sempre apareciam enquanto esperávamos as ondas.

BERMEJO
Já mais perto de Lima, Punta Bermejo é uma praia afastada da rodovia. um pouco mais escondida que outras mais famosas. Pescadores geralmente aparecem para descansar, ancorando seus barcos no canto do morro de terra vermelha, que justifica seu nome. 
Fora as esporádicas visitas de grupos de pescadores, Punta Bermejo permanece praticamente deserta, a não ser pelos surfistas que sempre aparecem quando o mar sobe em Lima.


CENTINELA
Nos arredores de Bermejo, outro pico procurado pelos surfistas de Lima quando o mar sobe. A água estava muito suja devido a uma rara chuva que encheu o rio que sai na praia. Somente dois integrantes da barca se arriscaram no surfe do dia. 

LOS ORGANOS
A cidade mais ao norte onde nos hospedamos foi Máncora, cidade de veraneio a poucos quilômetros da fronteira com o Equador. Foi a nossa base para surfar Cabo Blanco e Lobitos, quando fosse o dia adequado. Manuel nos levava para diferentes praias de acordo com a direção da ondulação, sempre encontrando amigos locais e contando histórias do surfe peruano.
Logo ao sul de Máncora está a Playa Los Organos, com beleza particular. Foi onde nossa van resolveu empacar, quando fomos conferir o mar uma tarde. Tivemos que voltar de moto-táxi (tuc-tuc) até Máncora para conseguir achar alguém para resgatar o carro enguiçado.

Além dos Incas, outros povos e civilizações antigas viveram em outras épocas no território peruano. Por todo o litoral existem resquícios como ruínas e pontos de interesse arqueológico, mas não atraem tantos turistas como Machu Pichu, nos Andes.

(Nome e localização a ser pesquisado e fornecido.)


TALARA
Mais uma cidade portuária com a mesma estrutura: uma ponta de terra que cria uma baía protegida das ondulações do Oceano Pacífico. Um píer, vários barcos e a cidadezinha que se formou em torno do movimento do porto. 

PACASMAYO

A cidade industrial de Pacasmayo é uma das maiores da costa norte e abriga a onda mais longa do Peru, que quebra na ponta do farol, assim batizando o pico de EL FARO.
Chegar a Pacasmayo foi o objetivo inicial desta expedição pelo litoral norte peruano. Acabamos avançando bem mais ao norte depois que surfamos El Faro...
Andar pelas ruas da cidade foi uma experiência única, fotografando a população local que, sem entender o interesse do turista pela sua vida pacata, posava sorridente e orgulhosa para minha lente. Registrei imagens interessantes do cotidiano.

[  fotos: Claudio Leal // KMRphõto  ]

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